Filhos adolescentes: quando falar sobre namoro com eles

Ter filhos adolescentes é reconhecer o período intenso de transformações e alterações hormonais, marcado pelo início dos relacionamentos afetivos e sexuais.

Falar com seus filhos adolescentes sobre namoro é uma parte importante da educação e orientação parental. Especialistas afirmam que não existe um momento exato para se ter uma conversa sobre namoro, considerando que cada indivíduo apresenta características e experiências únicas. No entanto, alguns sinais podem indicar aos pais que chegou o momento de entrar no assunto.

Ter filhos adolescentes é reconhecer o período intenso de transformações e alterações hormonais, marcado pelo início dos relacionamentos afetivos e sexuais.
Namoro (Pxhere/Reprodução)

Falando sobre namoro com os filhos

Os pais podem e devem observar com mais atenção pontos como a troca dos interesses dos filhos, a presença de novos “personagens” nas histórias que eles contam, além de mudanças de comportamento, como uma maior preocupação com a própria aparência.

Na concepção de Marcelo Santos, psicólogo clínico e docente de psicologia da Universidade Presbiteriana Mackenzie:

Há um momento na vida de todo ser humano em que ele abandona a sua infância e começa a entrar na sua pré-adolescência. A pessoa começa a olhar o sexo oposto, ou dependendo da orientação sexual, o próprio sexo, com desejo, com vontade e com admiração. Elas começam a perceber que aquele amiguinho ou amiguinha que era chato ou feio, é interessante ou o foco de atenção. É nesse momento que podemos começar a conversar com o adolescente sobre as relações amorosas e sobre namoro.

Além disso, segundo a sexóloga e fisioterapeuta pélvica Débora Pádua, não existe um momento exato para que isso aconteça, já que, gradualmente, vamos percebendo as mudanças de interesse dos adolescentes, mas o caminho é o ideal é criar uma certa abertura para que eles conversem sobre qualquer assunto, seja sobre namoro, relacionamento e também sexualidade que será o próximo passo em um início de relacionamento. 

Intensidade como forma de expressão 

O professor da Mackenzie destaca que assim como os demais âmbitos da vida dos adolescentes, os relacionamentos também tendem a ser marcados pela intensidade.

Com a modernidade e principalmente com os avanços tecnológicos temos visto essa juventude começar as relações amorosas muito cedo. Quanto mais precoce você perceber que é o seu filho ou sua filha, mais cedo você deve sentar com ele ou com ela e explicar todas as implicações de uma relação amorosa.

Conforme o professor, há um momento da vida do adolescente que as emoções são muito intensas. Tanto que, se por um lado ele vive um amor intenso e tem aquela ideologia de salvar o mundo, por outro lado, essa intensidade também pode gerar problemas.

Nesse contexto, ele afirma que a conversa entre pais e filhos pode ajudar a prevenir que os adolescentes se envolvam em relacionamentos abusivos.

Os pais podem observar o quão precoce é o adolescente. Se ele já tem um interesse claro sobre manter relacionamentos ou mostra desejo por outras pessoas, é interessante conversar e explicar o que é um relacionamento saudável, o que uma relação pode afetar na questão da saúde mental, qual o impacto na vida produtiva de uma pessoa. Deve-se esclarecer a esse adolescente o quanto envolve uma relação amorosa nas outras instâncias da vida.

Redução de barreiras

A adolescência é um momento de descobertas e não podemos impedir que esse processo ocorra naturalmente. 

De acordo com Pádua, o papel dos pais precisa ser de orientação, ou seja, conversar gradualmente e dizer que percebeu que está surgindo um interesse sobre tal pessoa e se ele ou ela quer falar sobre isso, se tornar aberto ao assunto sem mostrar que isso será um problema.

A especialista afirma que uma maneira de fazer essa aproximação e quebrar o gelo pode ser contar aos filhos histórias da própria adolescência.

Se você conseguir se aproximar do seu filho ou filha e ganhar sua confiança, será cada vez mais fácil falar sobre assuntos mais delicados como sexualidade, visita ao ginecologista, uso de preservativo, evitar doenças e não transformar a sexualidade em um tabu que depois pode até criar traumas psicológicos e físicos na vida adulta.

Em suma, a idade exata em que você deve iniciar essa conversa pode variar conforme o desenvolvimento individual de cada adolescente. O mais importante é manter uma comunicação aberta e estar lá para apoiar seus filhos à medida que eles exploram o mundo dos relacionamentos.

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